terça-feira, 18 de março de 2008

Desabafo contra a ignorância

De uma conversa com uma amiga minha surgiu a curiosidade do real significado da música do Tom "Águas de Março". Para mim era uma super metáfora de alguma outra coisa. E no fim é "apenas" o fim de um ciclo, um recomeço, e a necessidade das "águas" para começar tudo de novo.

Descobri tudo isso no site da TV cultura (http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/poesias/tomjobim_aguasdemarco.htm). E continuando a fuçar descobri também a explicação para "Roda Viva" do Chico (http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/poesias/chicobuarquedehollanda_rodaviva.htm) que me fez pensar que por pior que tenha sido a ditadura e por mais que ela tenha cortado toda a liberdade de expressão artística, no fim ela trouxe muitas coisas boas. Era preciso usar mais a cabeça, a criatividade para dizer o que precisava ser dito e passar na censura. Era preciso florear, parecer ingênuo quando na verdade era um "tapa na cara" dos responsáveis ou quando estava se falando das barbaridades e dos sofrimentos. Com isso a música ganhou qualidade poética.

Aí você compara com hoje, que existe a liberdade de expressão e fica triste. Por ver que o "créu" é a música mais baixada pela população.

Não estou aqui para condenar funks, pagodes, axés, etc. Até porque, para dançar até que é divertido. Já fui muito em lugares com essas músicas. Mas não estou falando disso, estou falando da cultura, da poesia. Coisas que morreram. Hoje é tudo "na lata", não se diz mais metáforas e poesias, não se diz mais "o amor é lindo" e sim "quero sexo". Não se falam mais de flores quando querem se referir à situação político-social brasileira. Vou ainda mais longe e digo aqui que simplesmente NÃO se fala mais da situação brasileira. No máximo você escuta alguns raps ou até funks falando da péssima situação nas favelas. Mas essas músicas (talvez infelizmente) não são levadas a sério, não geram uma consciêntização. As poucas pessoas que percebem e que tentar fazer alguma coisa não são levadas a sério, não são ouvidas e na maioria das vezes nem compreendidas... São como os funcionários da censura...

Enquanto isso vê-se a "favorita" a ganhar o BBB, que escreve "Hontem" (tô esperando que o dia seguinte será "oje" haha) e que fala "que a gente somos" e ninguém questiona o nível de escolaridade?? Ou gramatical?? Não pode isso, o brasileiro hoje transforma em ídolos pessoas que escrevem coisas assim:

"gente para participar de reality show como esse sabe que a realidade aqui nao e facil;eu sempre na minha vida vive uma realidade assim,e sempre encarei de frente sem ultrapassar o outros e sem medo do qui vier e nao vai ser agora que eu vou tremer na base…eu estou confiente que tem muita gente ai fora que me ama que estar de bracos abertos me esperando sair dessa ventura"

"oi como vai vcs eu preciso saber das suas vidas?rsrsrsrsgente imagina paulo ricricardo hontem aqui na casa nao teve como nao me emocionar sou fa desde de pequena dele,uma pessoas contagiante que mostra muita energias boas.fique muito feliz de ter lo conhecido.olha estamos na ultima semana e estou firme,forte,confiente como no comeco desde que cheguei p essa aventura"

E nos meus passeios pela web (tudo bem que andam cada vez menores) não vejo ninguém falando disso!! O que aconteceu, ser burro agora é aceitável? Tudo bem que existem pessoas com capacidades maiores e menores. Mas se vai estar lá na TV, na frente de milhões de telespectadores, crianças inclusive, servindo de exemplo e em horário nobre o  mínimo exigido deveria ser o português básico. Não precisa saber fazer ou interpretar metáforas mas escrever...

Cadê a valorização do conhecimento, da cultura??

Como podemos exigir isso da população se seus ídolos são assim, se as músicas são burras e às vezes até sem concordância e, principalmente (agora sim vou cutucar a ferida), se o próprio presidente fala "a gente somos" e não tem um mínimo de conhecimento da própria língua??

É uma vergonha.

É uma tristeza.


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