Olho em volta, todas as pessoas concentradas nos seus afazeres, olhando fixamente para suas telas, mechendo o mouse, teclando, estarão mesmo trabalhando? Ou estarão elas na internet, ou divagando como eu? Não sei. Francamente, já não me importo mais. Não consigo mais me importar com o que os outros fazem, deixam de fazer, pensam, falam... Que sejam todos como querem!
No meu fone um jazzinho clássico rola solto. Neste momento "Dance me to the end of love", na voz de Madeleine Peyroux. Minha vista perde o foco, em um momento estou em outro lugar. Um apartamentinho, estou na sala, a trilha continua tocando, o sol da tarde entra timidamente pela janela através das cortinas amarelas. Dando um clima ainda mais reservado. Olho para o meu lado e lá está ele. Estica a mão, me chama para dançar. Dou dois passos em sua direção, meu corpo encontra-se com o seu e o toque, mesmo que por sobre a roupa me dá calor, me faz sentir viva. Dançamos, rostos colados. Neste momento Diana Krall canta a versão "I've Got you under my skin", nos olhamos, sinto meu corpo gelar, pela barriga, se espalhando pelo corpo. Nada mais sinto apenas seus labios nos meus, me perco em seu beijo, em seu abraço...
O telefone toca, volto à realidade. A trilha continua e tenho a certeza que esta cena está em algum lugar real. Um lugar hoje inatingível, distante, quase impossível e inimaginável.
Way out in the water, see it swimming?
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